terça-feira, 12 de outubro de 2010

Luxemburgo garante: 'Vou ganhar o Brasileiro no Fla no ano que vem'

Apesar do otimismo, treinador ressalta importância de transformações estruturais no Rubro-Negro e revela que foi sondado pelo São Paulo

A intenção era ficar parado por algum tempo. Mas após a queda de Silas, Vanderlei Luxemburgo não resistiu ao convite para voltar a treinar o Flamengo, clube do qual é torcedor declarado. Nesta segunda-feira, o técnico rubro-negro foi o convidado do programa “Bem, Amigos!”, do SporTV, e admitiu que a oportunidade de retornar à Gávea pesou em sua decisão de trabalhar novamente na temporada atual. Mais do que isso, Luxa, que assumiu a equipe em meio à luta para se distanciar da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, não hesitou em declarar sua meta principal à frente do Rubro-Negro.

- Já fiquei cinco anos sem ganhar o Brasileiro antes, mas vou ganhar no Flamengo ano que vem. O flamenguista precisa saber que o maior projeto para os próximos dois meses é ganhar os nove jogos decisivos que teremos, para depois começar um novo trabalho.

Apesar do otimismo, Luxemburgo afirmou que a sua missão no clube vai além da busca por resultados. Ele quer se dedicar, também, a mudanças estruturais, especialmente no que diz respeito à construção de um centro de treinamento. Para isso, sua primeira medida foi vetar os treinaos na Gávea, onde fica, também, a sede social do clube.

- É a grande oportunidade. Se eu sentir que não vai mudar, será melhor ir embora. Temos que crescer com o Flamengo. (...) Não vamos mais à Gávea. Nosso local de trabalho vai ser o Ninho do Urubu, para acosutmar os jogadores e obrigar o clube a criar a estrutura.

Luxemburgo lembrou de suas passagens anteriores pelo Fla - como jogador e treinador - e destacou a diferença de realidades que viveu na Gávea.

- O Marcio Braga, quando assumiu o Flamengo, em 77, mudou o clube. Passou a ser um modelo de administração, isso quando eu fui jogador. Em 91, quando voltei para treinar o time, me assustei. O presidente era o Marcio Braga, mas tinha salário atrasado, aquela história de que não tinha bola para treinar... Eu tive que dar dinheiro do meu bolso aos jogadores. Tinha o Djalminha, Marcelinho, Paulo Nunes, Rogério... O Gaúcho não perdeu um apartamento porque eu tirei dinheiro do meu bolso e emprestei.

O convite para voltar

Sobre seu retorno, Vanderlei explicou que foi procurado pelo ex-diretor de futebol, Zico, após a polêmica troca de farpas entre o zagueiro Jean e o então técnico Silas.

- O Zico me ligou, o Cantareli ligou para a minha esposa. Nós temos uma amizade de mais de 40 anos. O Zico disse “Estamos com um problema aqui e quero saber de você”, e eu disse que queria ficar parado até o fim do ano. Ele falou que o Silas deu uma entrevista que criou uma área de atrito com os jogadores.

Vanderlei então pediu tempo para consultar a família, mas acabou surpreendido pela saída do Galinho do clube.

- No dia seguinte, vi que ele saiu. Falei com o Isaias Tinoco: "O Flamengo precisa decidir a própria vida, não a minha. Se quer mandar o Silas embora, não pode me usar para criar essa situação". Só quando decidiram mandar o Silas embora é que marcamos de conversar à noite e acertamos o contrato.

Conselho a Val Baiano

A torcida rubro-negra já viu uma transformação mais evidente, com a chegada de Luxemburgo: o fim do jejum de gols de Val Baiano, que marcou três vezes, em dois jogos. Vanderlei revelou a orientação que deu ao camisa 9.

- Meu filho, fica próximo da área, porque se você ficar longe não tem jeito.

Sondagem do São Paulo

Sobre os rumores de que teria sido procurado pelo São Paulo à época em que ainda estava no comando do Atlético-MG, Luxemburgo lamentou que as informações de bastidores tenham vindo a público após sua recusa.

- O Milton Cruz, quando saiu o técnico do São Paulo (o interino Baresi), me ligou a mando do presidente e perguntou se tinha a possibilidade de romper com o Atlético e conversar com eles. Eu tinha um compromisso com o Atlético e disse que não poderia. A coisa se tornou pública, e eu fui ao Kalil para dizer que já havia recusado e que o resto era especulação. Ele foi para a imprensa e disse que eu tinha sido sondado, mas deveria ter ficado interno.

Interferência de empresários

A respeito das declarações que deu sobre a necessidade de se reciclar, Vanderlei Luxemburgo deu como exemplo a necessidade de aprender a lidar com a forte influencia dos empresários sobre os atletas.

- Hoje em dia, empresários pertencem à comissão técnica, sem pertencer. Eles atuam com você. Jogadores têm empresários diferentes. Quando você faz uma ação coletiva com proposta de jogo, há interferência do empresário com relação ao que é importante para o jogador. Como ele deve atuar, se deve ou não atuar em um jogo. Você coloca compromissos, e o jogador vai conversar com o empresário. Você não pode abandonar o empresário, mas tem que ter alguém do clube para conversar com eles. Alguém precisa fazer a cabeça do jogador junto de você. São coisas que trazem prejuízo. A relação entre jogador e técnico é diferente da que existia na nossa época. A interferência dos empresários desde as categorias de base é muito grande.

Gol de barriga

Vanderlei Luxemburgo lembrou que, em 2011, o futebol do Flamengo completará cem anos. O treinador, que comandou a equipe rubro-negra em 1995, quando era comemorado o centenário do clube, disse que adversidade daquela temporada o marcou: o gol de barriga de Renato Gaúcho na decisão do Campeonato Estadual. Luxemburgo espera poder revidar.

- Ano que vem é o ano do centenário do futebol do Flamengo. Eu sou flamenguista, e uma das coisas que mais me frustraram foi aquele gol de barriga no ano do centenário. Agora espero que aconteça outro gol de barriga, mas desta vez a favor do Fla.

Atlético-MG 'não deu liga'

Sobre sua passagem pelo Atlético-MG, o técnico lamentou o excesso de lesões sofridas por seus jogadores, inclusive a dele mesmo, que o obrigou a se afastar dos treinos do Galo.

- O Atlético não deu liga. O clube deu toda condição de trabalho, contratamos jogadores. Mas o futebol não perdoa. Pela primeira vez passo por um clube onde tenho muitos jogadores se machucando ao mesmo tempo. Fiz uma coisa pensada, mas arriscada. Trocar o time que jogou o Campeonato Mineiro e jogar com um novo. Mas os jogadores que eu contratei se machucaram: Obina, Mendez, Daniel Carvalho, os dois laterais (Leandro e Coelho). E eu me machuquei. (...) Na Europa, o Ferguson, o Capello e o Mourinho deixam seus assistentes trabalharem e só aparecem para montar a equipe. Com a minha lesão, fiz isso. Mas os jogadores brasileiros só respeitam o técnico. Minha lesão prejudicou o Atlético.

Por: globoesporte.com

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