domingo, 25 de julho de 2010

Léo Moura se vê na Seleção e quer encerrar carreira no Fla

Lateral, novo capitão do time, afirma que tem respeito pelos companheiros de equipe e irá "brigar" por eles


O ano de 2009 tinha tudo para ficar na história do Flamengo só pelas glórias em campo. O sexto título brasileiro, no entanto, acabou ofuscado em parte pelo mau comportamento de alguns jogadores fora do gramado. Tanto que o diretor executivo, Zico, chegou a dizer que o hexacampeonato havia sido maléfico para os jogadores.

Este ano, após a decepção na Libertadores, Adriano e Vagner Love, que se envolveram em polêmicas extracampo, deixaram o clube. Mais tarde, foi a vez do capitão Bruno, que foi preso como suspeito de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio. O elenco parecia órfão, mas Leonardo Moura assumiu a braçadeira de capitão e a responsabilidade. É o velho Flamengo representando o novo Flamengo. Um capitão com a chancela de Zico.

O Dia - Como soube que fora escolhido para ser o capitão do time?
Léo Moura - Quem me avisou foi o Rogério (Lourenço, técnico do clube rubro-negro), mas é lógico que houve uma conversa com a comissão técnica, com Zico e com o resto da diretoria do Flamengo. Sempre admirei o Zico como jogador. É um ídolo para mim. Receber os conselhos dele é mais do que um sonho. Ser capitão de um time dirigido pelo Zico então... Vou guardar tudo para usar com meus companheiros. Eles têm respeito por mim e eu por eles. Vou brigar por eles. Todos me veem como um líder. O Zico me disse para eu ser a mesma pessoa humilde de antes. Como ele disse, conquistei isso com carinho, simplicidade e respeito.

O Dia - Qual foi o principal conselho que você recebeu de Zico?
Léo Moura - Por tudo que ele passou aqui, ele me mostrou tudo o que Flamengo representa. Muitas vezes o jogador passa por aqui e não tem essa noção, não sabe a história que tem o clube. Vou buscar esse ideal. Estou tranquilo. As pessoas do lado de fora têm respeito e carinho por mim, e é nesse caminho que eu tenho que seguir.

O Dia - Como você encara o peso da responsabilidade de assumir a faixa de capitão no lugar do Bruno, depois de tudo o que aconteceu?
Léo Moura - Sinceramente, eu encaro com muita tranquilidade e naturalidade. Estou no Flamengo há cinco anos. Todo mundo no clube me conhece, sabe o meu jeito de ser e de tratar as pessoas, com carinho. Eu criei isso aqui, sou essa pessoa. Conquistei isso com muito respeito, com o prestígio que tenho.

O Dia - Com 31 anos, você assume essa condição de capitão. Como avalia o atual momento da sua carreira?
Léo Moura - Estou mais maduro e experiente, afinal vou fazer 32 anos. Passei por muita coisa aqui no Flamengo. Sei como funciona o clube e sei que tudo aqui ganha uma dimensão muito maior. Essas coisas que aconteceram (crises policiais), por exemplo. E as conquistas também. Só quem está aqui há muito tempo sabe disso. Por isso, tenho que ser a mesma pessoa, independentemente do que aconteça. Sempre tranquilo.

O Dia - Mesmo que você queira ser a mesma pessoa, o fato de se tornar capitão não o obriga a mudar a sua postura?
Léo Moura - Mesmo não sendo capitão, sou um cara que sempre falo, cobro dos companheiros, sou chamado para participar de reuniões... As pessoas já me viam como um líder.

O Dia - Embora queira manter a simplicidade, você é um cara vaidoso até na questão visual. Ser capitão do Flamengo é bom para o ego?
Léo Moura - Com certeza é motivo de satisfação, uma vitória pessoal, ainda mais porque foi algo conquistado com o tempo, com trabalho, de forma natural. É bom para o ego de qualquer jogador. Ser capitão do time para o qual eu sempre torci casou bem. Não vou dizer que sempre sonhei com isso, mas foi uma coisa que aconteceu pelo respeito que tenho aqui e pelo meu currículo, por tudo que conquistei pelo clube.

O Dia - Você mesmo ressaltou que está prestes a completar 32 anos de idade. Já pensa na hora de tomar a decisão de abandonar os gramados?
Léo Moura - Ainda não penso. Só quero parar no dia em que perceber que não tenho mais condições de render o que posso, o que eu sempre rendi aqui. Quero poder dar o meu máximo, como sempre fiz na minha carreira e nestes anos no Flamengo.

O Dia - É cada vez menos comum jogadores ficarem tantos anos num clube como você, Juan e Ronaldo Angelim. Ainda há alguma possibilidade de você deixar o Flamengo algum dia?
Léo Moura - Se isso acontecer, é porque o Flamengo achou que deveria acontecer ou porque eu vi que seria uma coisa muito excepcional para mim e para o Flamengo. Não vou falar que isso nunca vai acontecer, mas o meu pensamento é encerrar a carreira aqui no clube. No Brasil, sinceramente, não me vejo defendendo outro time. Seria muito difícil. Estou bem adaptado aqui no clube e tenho uma ótima relação com a torcida. Além disso, tenho um contrato que me dá segurança. São vários fatores que me mantêm aqui.

O Dia - Mas as propostas continuam chegando?
Léo Moura - É claro que nós sempre recebemos algumas sondagens, consultas de outros clubes, mas isso é algo normal, não tem nada de oficial.

O Dia - Você tem algum sonho para realizar no futebol?
Léo Moura - O meu sonho é voltar a defender a camisa da Seleção Brasileira. E eu sei que tenho potencial para conquistar isso. Vou buscar esse sonho. Enquanto eu estiver preparado, em condições de brigar, vou atrás desse objetivo.

O Dia - E dentro do Flamengo, você ainda possui algum objetivo para correr atrás?
Léo Moura - O que falta para mim aqui no Flamengo é conquistar uma Copa Libertadores. Por duas vezes estivemos perto de chegar à fase final, mas as coisas acabaram não acontecendo da forma como nós havíamos planejado. Para mim, ganhar a Libertadores pelo Flamengo virou uma obsessão. Fiquei com aquele gosto de quero mais. Por isso que eu sempre converso com os meus companheiros que nós temos que trabalhar muito este ano para disputar a Libertadores de novo no ano que vem. É uma coisa que eu quero ganhar até o fim da minha carreira.

O Dia - Você acredita que este jogo contra o Internacional é o primeiro grande teste deste novo Flamengo?
Léo Moura - Independentemente do adversário, todos os jogos do Brasileiro são como finais de campeonato. O Atlético-GO estava em último lugar e venceu o Corinthians, que era o líder. Temos que entrar em campo determinados para vencermos sempre. Não tem nenhum bicho-papão.

Por: Vitor Machado

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