quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Marcelinho já mira vaga em Londres, mas faz o alerta: ‘Fácil, nunca vai ser’

Ala encurta as férias de novo, volta aos treinos com o Fla e vê grande chance para o Brasil em 2011: ‘Será nossa melhor seleção dos últimos Pré-Olímpicos’


Aos 35 anos, Marcelinho Machado chegou ao Campeonato Mundial como reserva de luxo e terminou o torneio como melhor opção de ataque da seleção, superando apostas como Leandrinho e Varejão na produção ofensiva. Merecidas férias? Nada disso. O ala já está correndo, suando e batendo bola diariamente com os companheiros do Flamengo. O clube carioca estreia nesta sexta-feira no Estadual e já pensa na terceira edição do NBB, a partir de outubro. Feliz com o rendimento do Brasil na Turquia, mas consciente de que a equipe poderia ter ido mais longe, Marcelinho já virou a página da seleção para 2011, com o Pré-Olímpico de Mar Del Plata na mira: "Teremos uma grande oportunidade. Vai ser a nossa melhor seleção dos últimos Pré-Olímpicos."

GLOBOESPORTE.COM: O que você achou do desempenho do Brasil no Mundial? Ficou dentro do esperado ou poderia ter ido além?
MARCELINHO MACHADO: A gente sempre quer mais, né. Analisando o nível do nosso jogo, temos que sair de cabeça erguida. Fizemos um grande Mundial. Jogamos mal em alguns momentos de algumas partidas, o que é normal. Se você pega os Estados Unidos, no último quarto contra a gente eles jogaram mal. A Argentina foi mal no início contra a Lituânia, e acabou o jogo. O nível é muito alto, e o Brasil está ali. No desembarque, me perguntaram até quando essa seleção vai ficar no quase. Vai ficar no quase até o dia em que ganhar, até o dia em chegar ao pódio. E aí, no Mundial seguinte, pode voltar a ser nono. A Argentina estava no primeiro lugar do ranking e terminou em quinto. Fico feliz de ver que o Brasil está num nível alto, mas não satisfeito, porque acho que a gente poderia ter vencido jogos importantes e ter chegado um pouco mais à frente.

Muita gente achou que você deveria estar na quadra por mais tempo, já que vinha sendo a melhor opção ofensiva da equipe. Concorda que deveria haver essa mudança de planos?
Sinceramente, não. Dentro da equipe cada um tem sua função, e a minha era essa. Os nossos carros-chefes no ataque eram o Marcelinho Huertas com o Tiago Splitter e o Leandrinho, que é o nosso maior potencial ofensivo. Eu e Guilherme vínhamos do banco para ajudar. Mudar isso no meio do campeonato não seria certo. O Leandrinho também facilita o trabalho dos outros. Às vezes ele não mata bola, mas bate para dentro, dá no Tiago, a marcação dobra, e quando vem para fora eu estou numa posição boa. Eu me senti muito bem no Mundial. Tentei ser sempre ofensivo e buscar o jogo. O tempo que eu estava na quadra era para isso.

Olhando para frente, vem aí o Pré-Olímpico no ano que vem, com os Estados Unidos já classificados para Londres-2012. São duas vagas, sendo que a Argentina é forte candidata a uma delas, até por jogar em casa...
Teremos uma grande oportunidade. Vai ser a nossa melhor seleção dos últimos Pré-Olímpicos. No último, estivemos perto, em Las Vegas, e perdemos para a Argentina. Agora talvez sejam quatro seleções para duas vagas. É menos difícil. Fácil, nunca vai ser. É muito importante a gente voltar a participar das Olimpíadas antes da edição do Rio. Até pelo efeito moral de falar que nós fomos porque ganhamos a vaga, e não porque seremos a sede. Aí, depois que classificar, as Olimpíadas são menos difíceis que o Mundial. No Mundial, das oito melhores seleções, seis são europeias. Nas Olimpíadas não é assim, fica mais dividido, então o caminho é menos difícil.

Mal terminou o Mundial, e você já vai emendar o Estadual e o NBB pelo Flamengo, uma rotina que tem se repetido ao longo dos últimos anos, mas não costuma alterar sua condição física. Aos 35 anos, não pesa o fato de nunca tirar férias?
Uma coisa que eu sempre converso com a minha esposa é que a seleção me ajuda muito. E não é só aquele negócio de amor à camisa, é também jogar em alto nível contra os melhores do mundo. Além disso, treino com Leandrinho, Anderson, Guilherme, Tiago. Fisicamente, tenho uma condição boa. Meu biótipo também ajuda bastante, sou um cara leve. Se eu fosse um pivô de 120kg, na minha idade já seria mais difícil conseguir jogar com poucas folgas durante o ano. Mas voltei agora e já estou no gás.

Na última temporada, Brasília montou um supertime e ganhou status de favorito. Agora, com os reforços, esse rótulo volta para o Flamengo. Como vai estar a equipe para o NBB?
No ano passado, o elenco do Brasília era muito bom, mas o nosso também. Mesmo com jogadores machucados, chegamos à final e poderíamos ter vencido. Temos realmente um grande plantel, mas não é só isso que vai garantir as vitórias. Precisamos fazer um grande time. Às vezes você traz os melhores jogadores, mas se eles não se fecharem no mesmo objetivo não adianta. Aqui não acho que vai haver esse problema, porque todo mundo pensa igual. Vamos brigar pelos títulos.

Por: Rodrigo Alves

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