quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ataque desencanta, Toró brilha, e Fla derrota o Prudente de virada

Com um gol aos 49 minutos do segundo tempo, Rubro-Negro encerra jejum de vitórias e se afasta do Z-4. Paulistas estão na lanterna

O Maracanã ainda não havia sido fechado para obras quando um atacante do Flamengo marcara pela última vez no Brasileirão. Foi em 21 de julho, no empate por 1 a 1 com o Avaí. Diego Maurício foi o autor do gol que virou artigo de luxo na Gávea. Nesta quarta-feira, contra o Grêmio Prudente, no Prudentão, pela 22ª rodada, coube ao garoto encerrar o jejum que tanto atormentava os homens de frente. Curiosamente, diante do mesmo adversário contra o qual estreou no time profissional, no primeiro turno, sofrendo pênalti e tudo. Mas houve quem brilhasse mais. Houve um gol mais importante. Toró. Volante, destruidor de jogadas. Foi dele o gol aos 49 do segundo tempo, gol de uma vitória de virada do Rubro-Negro: 2 a 1. Com um jogador a mais durante toda a etapa final, o time de Silas penou, sentiu os efeitos do condicionamento físico ruim, mas ganhou na raça. A série de sete jogos sem vitória chega ao fim, e os três pontos conquistados jogam o time para 14ª posição, com 26 pontos.

O Prudente foi guerreiro, teve chances de ampliar o resultado, não aproveitou e acabou castigado. Sentiu a vitória nas mãos até os 40 minutos do segundo tempo. Não conseguiu segurar e permanece na lanterna, com 17 pontos. Não vence há sete longas rodadas.


O time do interior paulista volta a jogar no próximo sábado, contra o Corinthians, no Pacaembu, às 18h30m. No domingo, o Flamengo encara o Fluminense no Engenhão, no mesmo horário.

Pimenta nos olhos do Fla


Olhar para as arquibancadas do Prudentão e ver maioria rubro-negra deve ter incomodado os jogadores do Grêmio Prudente. Antes dos cinco minutos de jogo, o time de Marcelo Rospide testou o goleiro Marcelo Lomba. Em chutes de longe, Bruno Ribeiro e Adriano Pimenta assustaram. Foi uma espécie de aviso, uma tentativa de marcar território.

Um confronto equilibrado, de muitos erros de passe, disputa física intensa e busca pelo gol sem criatividade. É o efeito da ameaça de rebaixamento. Paulistas e cariocas vivem dias desconfortáveis no Brasileirão. Falta de vitórias, crise, incertezas. O Prudente foi mais incisivo no princípio, só que escolheu a via errada. Concentrou seu jogo pelo meio, onde sempre foi mais difícil.

Renato se esforça para ajudar o Flamengo. Como ele disse na véspera, se não dá na técnica, vai na raça. É mais difícil quando o corpo teima em não acompanhar o raciocínio. Os três anos que passou nos Emirados Árabes, num regime de treinos bem menos intenso que o brasileiro, pesam contra o meia rubro-negro. Mesmo distante da plenitude física, ele conseguiu criar a melhor oportunidade da equipe no primeiro tempo. Aos 24 minutos, cruzou da ponta esquerda, Deivid cabeceou para o chão, e a bola carimbou o travessão. Renato também tentou na bola parada e num chute de muito longe, mas sem sucesso.

Deivid e Diogo passaram a maior parte do tempo fora da área. Saíram para buscar jogo, queriam dar opções. A partir dos 30 minutos, o Rubro-Negro teve mais volume, encurtou espaços, dominou. O ritmo do Prudente caiu muito. Fabiano Gadelha sumido, Hugo pouco acionado. Até que Cleidson avançou pela esquerda e cruzou. O pequenino Adriano Pimenta subiu livre e abriu o placar numa bonita cabeçada. Na comemoração, ele levantou a camisa. Como já tinha cartão amarelo, recebeu vermelho do árbitro Ricardo Marques Ribeiro. Enquanto os adversários reclamavam, os comandados de Silas debatiam, desolados, a falha defensiva.

Virada na raça


O fato de ter um jogador a mais fez Silas tornar o time mais ofensivo. O técnico tirou o volante Correa e lançou Petkovic na armação. O sérvio entrou em campo cheio de gás. Trocou algumas palavras com Renato, cerrou os punhos e pediu vibração. Olhou para Devid e bateu palmas. Orientou o posicionamento de Diogo e deu dura na zaga por ter feito falta na entrada da área. Na cobrança, Bruno Ribeiro acertou a trave de Lomba, aos dois minutos.

O Flamengo sentiu falta de Léo Moura. O lateral-direito apoiou pouco, não conseguiu ser perigoso. Na esquerda, Rodrigo Alvim errou os cruzamentos sempre que avançou, sem muita mobilidade. Com um homem a menos, o Prudente ficou fechadinho no campo de defesa e tentou explorar contra-ataques. Por pouco não fez o segundo. Cleidson cruzou da esquerda, Hugo apareceu livre para finalizar, mas mandou sobre o gol de Lomba, aos nove minutos.

Se toda a disposição de Pet se transformasse em bom futebol, o Flamengo ganharia muito. O camisa 10 até se esforçou, mas foi pouco produtivo. De tanta vontade, chegou a atrapalhar uma cabeçada de Deivid. Jogou de zagueiro e tirou a bola do companheiro. O ritmo de Renato desabou, e Kleberson só apareceu pouco antes de sair. Aos 19, Alvim cruzou da esquerda, e o volante cabeceou bonito. O bom goleiro Giovanni defendeu. O Penta, que fez dois gols contra o Vitória, ficou devendo e foi substituído por Silas.

Rospide também mudou. Tirou o lateral-esquerdo Cleidson e colocou mais um volante. João Vítor entrou para formar um paredão com Rodrigo Mancha, Marcelo Oliveira e Roberto. Na frente, Henrique Dias entrou na vaga de Hugo, que andava paradão, para dar velocidade nos contra-ataques. Em um deles, quase saiu o segundo gol. Gadelha avançou pela direita, passou sem problemas por Angelim e cruzou. Henrique Dias passou pela bola, João Vítor apareceu para completar de carrinho, mas foi travado, aos 28.

Mais uma vez ficou evidente que o Flamengo é um time que se arrasta em campo, que sofre com o desequilíbrio físico. Cansado, Renato deu lugar a Maldonado. A derrota parecia inevitável, mas o time não desistiu. Aos 40, Diego Maurício recebeu do chileno, encarou a marcação de Diego e bateu de bico para empatar e espantar a seca dos atacantes. Já era lucro. Mas aos 49, após escanteio da direita, a bola sobrou para Toró na entrada da área. O chute no cantinho esquerdo de Giovanni lavou a alma rubro-negra e garantiu a vitória que a equipe tanto perseguia.

Por: Richard Souza

Nenhum comentário: