terça-feira, 9 de novembro de 2010

Maldição do hexa: 11 meses depois, maioria do grupo enfrenta percalços

Boa parte dos jogadores que tiraram o Flamengo da fila do Campeonato Brasileiro em 2009 atravessa dias difíceis

Não foi por mágica ou obra do acaso que o Flamengo, em 11 meses, viu sua condição de detentor do título do Campeonato Brasileiro virar resistência contra o rebaixamento. Desde aquele 6 de dezembro de 2009, uma tarde de domingo de Maracanã abarrotado, de gente e de alegria, o destino do gigante mudou. Sabe-se lá o que seria do Rubro-Negro se tudo ainda fosse como antes. Mas o presente das personagens da conquista histórica, depois de 17 anos de espera, pode ajudar a entender muito sobre o que se vê.

Seja na Gávea ou fora dela, jogadores e comissão técnica que ergueram a taça não estão bem. Há pequenas exceções, mas a maioria é vítima de uma maldição. O GLOBOESPORTE.COM mostra, no pôster abaixo, o que mudou para os hexacampeões neste período. Bruno, Léo Moura, David, Ronaldo Angelim, Juan, Aírton, Toró, Willians, Petkovic, Zé Roberto, Adriano, Álvaro, Gil, Bruno Mezenga, Fierro, Everton, Diego, Kleberson, Welinton, Maldonado, Denis Marques e o técnico Andrade: cada um deles ajudou como pôde o clube a ostentar, até o fim do Nacional deste ano, o escudo da CBF centralizado no peito do uniforme.

Se há um símbolo da maldição, é Bruno. Capitão do time, destaque de conquistas recentes do clube, apontado por muitos como capaz de servir a Seleção Brasileira, passou a ter o nome estampado nas manchetes policiais. Está preso desde julho por acusação no desaparecimento da ex-namorada Eliza Samudio. Teve o contrato rescindido e, aos poucos, o nome desvinculado do Flamengo.

Ignoremos a frustração com a perda do título carioca e a eliminação nas quartas de final da Libertadores da América deste ano. Na caminhada para o hexa, Adriano foi a referência técnica, a liderança no vestiário e o ídolo da torcida. Três em um. Com ele, o Flamengo foi novamente campeão do Brasil. Fica a imagem do Imperador sorridente, erguendo o troféu no gramado do Maracanã (hoje fechado para as obras da Copa do Mundo de 2014). No entanto, de volta à Itália, foi para o Roma, coleciona lesões e não faz gol há mais de cinco meses.

Se Adriano foi fundamental, Petkovic também foi. Ele é simbólico para a mudança de rumos do Fla na reta final do Brasileirão: gols, assistências, virou maestro. Em 2010, acabou indo para o banco, brigou. Ganhou chance como titular e não repetiu 2009. Segue como figura decorativa no elenco, agora comandado por Vanderlei Luxemburgo.

Andrade foi visto com desconfiança quando assumiu o comando técnico do Flamengo, apesar de ser um ídolo incontestável pelo que fez nos tempos de jogador. Eleito o melhor técnico do Brasileirão 2009, ficou desempregado em abril deste ano. Deixou o comando com a equipe desgastada, sofrida com o vice do Carioca e, principalmente, pela sequência de crises extracampo. Desde outubro tenta evitar o rebaixamento à Série C com o Brasiliense.

Houve quem conseguisse manter o prestígio. O lateral-direito Léo Moura é o melhor exemplo. Virou capitão da equipe e recentemente completou 300 jogos no clube. Quando olha para trás e vê quanta coisa mudou em tão pouco tempo, o camisa 2 não crê em maldição. Encara as mudanças com naturalidade.

- Foi uma mudança quase que radical, muitas coisas aconteceram, muitos jogadores saíram, outros chegaram. Mas isso acontece em qualquer clube. Contratos acabam, alguns atletas partem para outros projetos. Aqui no Flamengo temos sempre de pensar em fazer um grupo forte. É o que temos pensado em fazer sempre - afirmou.

Andrade acredita que a alternância de bons e maus momentos é comum na vida dos jogadores de futebol. Ele disse que a dificuldade de Adriano na Itália já era esperada, pois o atacante precisa de tempo para se readaptar.

- São momentos que o jogador atravessa. Quando assumi o time, o Léo Moura não vinha passando por um bom momento. Depois, voltou a jogar em alto nível. O Adriano, quando voltou para a Itália, nós sabíamos que ele teria dificuldades. Isso era previsto, tem a readaptação fora do país. O Pet não vive um bom momento, terminou o ano como titular e não manteve o ritmo. O Toró foi importante e não faz mais parte do clube - comentou.

Sobre Bruno, Andrade acredita que não é certo comparar o problema pessoal do goleiro com a situação do Flamengo. Para ele, o clube contratou bons atacantes, mas não deu sorte de eles se acertarem de cara na equipe.

- As pessoas ligam muito o problema dele com o momento do clube, mas não acho que tenha nada a ver. Qualquer clube vive de resultado. Se você tem, está tudo bem. Trouxeram jogadores de valor, principalmente no ataque, mas às vezes não encaixam. De repente não acerta no Flamengo, mas vai para outro clube e se destaca - disse o treinador do hexa.

Por: Richard Souza

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