quarta-feira, 8 de junho de 2011

Despedida de Pet foi infinitamente mais legal que a do Ronaldo da CBF

por Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br


O ambiente parecia um tanto quanto fake, pouco (ou nada) espontâneo. A torcida era daquelas de vôlei, formada por convidados e pessoas que, em grande parte, nunca vão a jogos de futebol. E a rasgação de seda? Nossa, algo incomum. Esse cenário marcou o adeus de Ronaldo.

Que fique claro, o camisa 9 é o artilheiro maior das Copas do Mundo e tem uma das mais vitoriosas e espetaculares histórias já escritas com a camisa da seleção brasileira, de tempos pra cá seleção da CBF, mero instrumento nas mãos do maior dos cartolas. Ronaldo em campo não se discute.

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Mas quando o grande jogador dá oficialmente adeus aos campos de futebol, impossível não associar sua imagem do passado à do presente. Não há como esquecer a reaproximação com Ricardo Teixeira, que ele mesmo criticava dura e violentamente há apenas dois anos.

Não há como apagar da memória frases como o pedido de continuidade de Andres Sanches na presidência do Corinthians, quando o estatuto do clube não permite tal manobra e o próprio dirigente diz que vai sair, o que é o certo. Ronaldo jogador acabou, o que entrou em campo é o empresário.

O Ronaldo que participou da ida de Adriano para o Corinthians, negócio que deixou pelo caminho Gilmar Rinaldi, agente do "Imperador" desde sempre, situação para os envolvidos constrangedora. Ou que deveria ser. O Ronaldo que só fala com quem lhe faz perguntas carinhosas.

Um personagem fora das quatro linhas bem menor do que foi dentro de campo. Jogando, um dos maiores, genial, espetacular, um autêntico homem-gol. Longe da bola, capaz de fazer alianças com quem não precisa, o que é lamentável, uma pena. Aliás, nisso ele lembra Pelé, digo Edson.

Das despedidas da semana, mais legal foi a de Petkovic, espontânea, popular, com a presença de torcedores que o acompanharam nos bons e maus momentos. Sem ingressos a preço de teatro, bem caros. Se o adeus de Ronaldo fosse no Rio, raros moradores de Bento Ribeiro poderiam comprá-los.

Já o pessoal que em parte deixou o Pacaembu antes do final de Brasil 1 x 0 Romênia formava uma torcida tão artificial quanto as relações do ex-artilheiro e certos parceiros atuais. Tanto que se um dia eles se odeiam publicamente, em outro não poupam elogios recíprocos. Desnecessário. Pífio.

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