De contrato renovado, garoto declara amor ao Fla, revela ansiedade para jogar no time profissional e não se ilude com interesse de clubes europeus
- Ele sempre gostou de futebol. Via uma lata e chutava, via pedra e chutava. Mas chamei para fazer teste no Flamengo e ele não queria. Queria jogar tênis. Insisti para fazer só um teste, e ele foi. Aí ficou o primeiro ano, veio o segundo. Quando se firmou, disse que, se não fosse por mim, não estaria aqui. Ele está no caminho - contou o pai, orgulhoso.
Antônio costuma dizer que o vento soprou a favor do filho. E continua assim. Em outubro de 2010, Adryan venceu o Carioca juvenil com o Flamengo. O Rubro-Negro não era campeão invicto na categoria desde 1980. Em 24 jogos, a equipe teve 21 vitórias e três empates (96 gols pró - melhor ataque - e 11 contra - defesa menos vazada). Depois, foi titular e campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, no início deste ano. No último fim de semana, ajudou a Seleção Brasileira a conquistar o Sul-Americano sub-17, no Equador, pela décima vez. Tratado como joia na Gávea, o meia de 16 anos está há quatro no Rubro-Negro. É ali, no clube, que ele se sente em casa.
- Os profissionais aqui me tratam muito bem. Não considero uma segunda, mas a primeira casa. Acima de tudo, foram eles que me criaram. Tudo que aprendi em relação ao futebol foi aqui dentro. Fico muito feliz com as coisas que acontecem aqui.
A adolescência está estampada no rosto e nos hábitos de Adryan. No tempo livre, aproveita para se divertir no videogame. Mas a hora de crescer se aproxima e está apressada. Depois de alguns treinos na pré-temporada do grupo principal, na primeira quinzena de janeiro, a vontade é de fazer parte do time de cima o quanto antes, assim como os companheiros de base Lorran, Muralha, Negueba, César e Anderson. Ele aguarda o chamado do técnico Vanderlei Luxemburgo.
- São atletas que estão comigo diariamente, trabalharam comigo no ano passado, esse ano também. O contato continua, me passam tudo o que está acontecendo. Eles me dão dicas sobre o que devo ou não fazer. Gostaria de estar no elenco principal, mas isso não me abala. Fico ansioso, mas não me preocupa. Estou sempre motivado, sempre trabalhando forte. Mostro o que tenho para mostrar e aos poucos as coisas vão acontecendo, vai dar tudo certo.
Além dos amigos, Adryan se escora no apoio da família. Os pais Antônio e Simone e o irmão Andrey, de 19 anos, que é nadador do Flamengo, são os pilares nas horas difíceis.
- A base que ganhei da minha família é maravilhosa. Quando têm de me criticar, me criticam. Quando estou mal, estão prontos para me ajudar. Quando precisam dar uma dura, sempre dão. Meu pai pega mais no pé. Quando eu jogo mal, fala sobre aquilo que eu errei. Ele não vai mentir para mim. Ele sempre me ajuda com elogios e críticas. Faz parte do meu amadurecimento.
O moleque teve o privilégio de usar a camisa 10 da Seleção. “Algo que não espera viver sequer em sonho”, ele diz. No Sul-Americano, pôde conhecer o estilo de equipes de outros países, ganhou troféu, medalha e bagagem.
- A experiência foi muito boa para mim e para todos na Seleção. São adversários bem diferentes, cada país com seu estilo de jogo. Vamos ganhando experiência com isso, aprendendo a lidar com outros países. Na primeira fase nossa campanha não foi tão boa, mas fomos nos fortalecendo para conseguir o título.
Ganha força também a cobiça de clubes europeus. Na imprensa internacional, Manchester United-ING e Real Madrid-ESP são apontados como interessados. Com o novo contrato, uma transferência para o exterior faria com que todos os envolvidos recebessem valores mais altos: empresário, clube e atleta. Adryan, no entanto, prefere ficar.
- Estou no Flamengo. O que mais pode me iludir? É o clube que considero o maior de todos, que eu torço, é o que eu gosto. Me sinto muito feliz aqui. As propostas vêm, mas as pessoas certas resolvem isso por mim. Procuro sempre trabalhar aqui no Flamengo. Quero priorizar meu clube. Tudo que vier nesse período, até completar 18 anos e poder me transferir para fora do Brasil, não me ilude.
O empresário Rodrigo Pitta revelou que recebeu sondagens de times europeus. Ele reforça a ideia de que a prioridade é o meia permanecer mais tempo na Gávea, mas propostas concretas podem ser analisadas com a diretoria rubro-negra.
- O assédio em cima dele vem sendo grande, de clubes da Europa. Desde o início eu, o pai dele e ele tivemos esse objetivo de ficar no Flamengo, de fazer história, de se formar como profissional no Flamengo. Mas daqui a dois, três anos, não sabemos o que pode acontecer. Mais importante é que ele tem um contrato e que está feliz, o Flamengo está feliz. Se um dia tiver de ser vendido, de aceitar uma proposta, vai ser uma decisão em conjunto.
Adryan também tem chamado a atenção pelas ruas do Rio. Mas confessa: às vezes, nem ele pensa na possibilidade de ser reconhecido por torcedores do Flamengo.
- Quando me chamam na rua, não falo nada. Procuro olhar para a pessoa, tento reconhecer, mas se não reconheço fico quieto. Quando ela começa a falar de Flamengo ou de Seleção, aí me toco que estou sendo reconhecido (risos).
De folga até a próxima segunda-feira, Adryan quer relaxar. Ele vai passar alguns dias em Angra dos Reis. Lugar que guarda lembranças de uma infância ainda muito presente ao pai do jogador.
- Antigamente ele era espoleta (risos). Tínhamos uma casa de praia em Angra, ele acordava às 6h da manhã, pegava o buggy e fazia uma bagunça. Por causa dele, colocaram uma regra no condomínio que só poderia ligar o buggy a partir das 8h. Quando entrou para o futebol, ficou um pouco mais calmo por conta da disciplina - lembrou Antônio.
Por: Richard Souza
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