Conquista invicta compensa demissões em 1991 e 1995. Técnico pensa agora na Copa do Brasil: 'Estamos a seis jogos de bater campeão'
O título carioca invicto enriquece o currículo de todos os rubro-negros envolvidos na campanha deste ano. Mas nenhum jogador – do contestado Rodrigo Alvim ao decisivo Thiago Neves – precisava tanto desta conquista quanto Vanderlei Luxemburgo. Rubro-Negro de infância, ex-jogador do clube, amigo de Zico, o treinador já tinha erguido taças importantes em quase todos os clubes que comandou. Mas faltava o Flamengo. A conquista de 2011 ajuda a apagar a frustração das saídas pelos fundos em 1995 e 1991.
O técnico pensa agora na Copa do Brasil. Na quinta-feira, o time estreia nas quartas de final contra o Ceará. O primeiro jogo será no Engenhão, às 21h50m.
- Comemorar com o Flamengo é diferente. Além de técnico, sou torcedor. Estamos a seis jogos de bater campeão na Copa do Brasil. É o esforço de agora - disse Luxa logo após o jogo.
Na primeira passagem, o treinador chegou à Gávea como a grande revelação do cenário nacional, pouco depois do título paulista conquistado pelo Bragantino em 1990. Mas não emplacou. Conquistou os inexpressivos títulos da Taça Cidade do Rio de Janeiro e da Taça Estado do Rio de Janeiro. Mas poucos se lembram das duas voltas olímpicas nos aperitivos do verdadeiro Campeonato Carioca. Estão mais vivos na memória dos rubro-negros o decepcionante nono lugar no Brasileiro e a derrota para o Boca Juniors nas quartas de final da Libertadores.
Depois dessas duas frustrações, Luxemburgo perdeu o cargo depois de um empate em 1 a 1 com o Itaperuna pelo primeiro turno do estadual, naquela época disputado no segundo semestre. Deu lugar a Carlinhos, que conquistaria o título regional sobre o Fluminense, além do Brasileiro no primeiro semestre do ano seguinte. Não havia motivo para saudade de Luxa, que virou desafeto do presidente Márcio Braga por criticar publicamente a falta de estrutura do Flamengo.
Luxemburgo saiu, se recompôs e deu a volta por cima em grande estilo, conquistando o Brasileiro em 1993 e 1994 pelo Palmeiras. Era a senha para que o treinador voltasse a ser objeto de desejo na Gávea. Foi contratado por Kleber Leite praticamente junto com Romário. Era a união do técnico bicampeão do Brasil com o maior atacante do mundo em um elenco que ainda tinha Sávio em grande fase.
Parecia que não tinha como dar errado. Mas deu. Depois de conquistar a Taça Guanabara e chegar ao octogonal decisivo com dois pontos de bonificação, o time perdeu fôlego no início da reta final. Da terceira à sexta rodada da última fase, empatou com o Bangu em 2 a 2 na Gávea, perdeu para o Botafogo por 1 a 0, empatou com o Volta Redonda em 3 a 3 e perdeu para o Fluminense por 4 a 3. Mesmo assim, o time ainda chegou à última rodada precisando de um empate com os tricolores para levar a taça. Perdeu por 3 a 2 com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho.
Luxemburgo caiu logo depois, após brigar com Romário nos bastidores (veja o vídeo). O atacante alegou dores no joelho e não viajou para participar da Copa dos Campeões Mundiais, disputada naquele ano em Brasília. A diretoria preferiu o Baixinho, e Luxemburgo - que também perdera a chance de erguer a Copa do Brasil ao ser eliminado pelo Grêmio na semifinal - saiu para só voltar em 2010, na luta contra o rebaixamento no Brasileiro. Salvou o time da queda e hoje ri à toa com o estadual invicto.
- Tive duas passagens pelo Flamengo e não completei. Acho que o Flamengo tem tudo para acontecer neste ano, porque existe um projeto. Pensei que não fosse voltar ao clube como técnico. Achei que me direcionaria na área política do clube, era uma coisa que eu pensava. Mas Patrícia (Amorim) e Isaías (Tinoco) me convenceram e vamos fazer um trabalho muito bom. Não abro mão da conclusão do CT, por exemplo. Acho que o Flamengo tem que caminhar nesse sentido, e estamos indo bem.
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