Gol de falta de Petkovic aos 43 minutos do segundo tempo garantiu o título, que completa dez anos
Emerson Silva e
Rodrigo Mandarini, do MAIS
Publicada em 27/05/2011 às 08:02
A conquista do título estadual de 2001 não foi apenas mais um campeonato vencido pelo Flamengo. Assim como não foi um título qualquer para quem esteve no grupo que entrou para a História do Mengão. Uma década depois da conquista, todos se lembram de forma emocionada da façanha que elevou os jogadores a heróis na galeria de ídolos rubro-negros.
- Em três anos, ganhei muitos títulos no meu time de coração. Não é pra qualquer um isso. Mas aquele foi o mais emocionante de todos - relembra o capitão do time, Beto.
Até para quem é supervitorioso, como o tetracampeão do mundo Zagallo, técnico do Fla na época, a conquista teve um sabor mais intenso do que o normal:
- Aquela vitória teve a emoção de uma Copa do Mundo com a Seleção. Foi conquistada no Maracanã, onde vi o Brasil perder a Copa de 1950. Até hoje, ao lembrar do jogo, eu me emociono.
BETO, CAPITÃO DO TRI
Como foi a semana anterior ao jogo? O elenco estava rachado, né?
BETO: A semana foi muito conturbada. Pet nem ia jogar, teve problemas. Pedimos para ele jogar porque a presença dele era importante.
Mas aos 43 minutos do segundo tempo, ainda acreditava mesmo?
BETO: A torcida acreditou e era maioria. Falei pra eles: “Temos de entender que lá fora são mais de 70 mil confiando na gente. Podemos não ganhar pelo placar que precisamos, mas temos de ganhar.” Aos 43, Deus viu que a gente merecia. Baixei a cabeça e falei, “Deus, só resta essa”. Aquela falta era para eu bater. Mas eu tinha saído. A torcida deles já gritava “É campeão”, o Eurico fumava charuto. Aquilo mexia comigo. Quando saiu o gol, estava fazendo gelo no joelho, mas sarou na hora. Passou a dor, fiquei curado. Fui para a torcida do Vasco e tive de provocar.
REINALDO, ATACANTE
O que você sente quando lembra daquela partida?
“Eu me sinto realizado por ter participado deste título. Lembro bem do lance da falta, comecei a fazer uma oração e a bola entrou. Muita gente não sabe, mas fui muito importante naquela conquista. Mas o Pet foi fantástico. Com certeza foi o melhor camisa 10 que eu já joguei e responsável pelo meu maior título na carreira até hoje.”
LEANDRO ÁVILA, VOLANTE
Você ganhou muitos títulos. O tri foi diferente?
“Aquele título trouxe uma das maiores emoções da minha vida. Àquela altura do campeonato, poucas pessoas esperavam aquele gol. A torcida do Vasco já gritando “é campeão”, tivemos que buscar força sei lá de onde. De repente, o Pet bate aquela falta. Foi um dos títulos que mais comemorei na minha carreira, mais até do que o Brasileiro em 1995.”
CÁSSIO, LATERAL-ESQUERDO
Foi a sua melhor partida de sua carreira?
“Aquele ano de 2001 foi muito especial. Se não foi o principal, foi um dos mais importantes da minha carreira. A final de 2001 contra o Vasco, foi o jogo mais emocionante que eu participei, posso dizer isso. E para a maioria dos torcedores do Flamengo que falam comigo, também foi. Tive a felicidade de sofrer o pênalti que originou o primeiro gol”
EDMUNDO SANTOS SILVA, PRESIDENTE
O que o senhor lembra daquela partida?
"O jogo estava 2 a 1 para a gente, eu estava na tribuna e falei: “Vou descer, vou lá gritar!”. A gente precisava torcer. Eu disse: “Vamos gritar, em pé, torcer”. Aos 41 minutos, começou a sair gente do túnel do Vasco, o Eurico estava lá fumando, já comemorando. Eu pensei: “Não é possível que vou perder essa”. Teve a falta, eu virei e disse que seria o gol do tri. O Haroldo Couto disse que seria gol. Ali era para o Beto bater. Mas ele tinha saído. O Edilson disse para o Pet bater, pelo menos é o que me disseram. Mesmo sem se darem, ele falou que o Gringo faria o gol.
Com o gol, mandei sumir com as bolas e disse para não ter mais jogo. Com aquela torcida inflamada, não íamos perder aquele jogo. Tive grandes emoções, fui eleito presidente, tive filhos, mas igual à emoção daquele jogo eu não tive."
PREPARADOR MANTEVE PET EM CAMPO
O grande herói do jogo foi o craque Petkovic, que marcou de falta o gol aos 43 minutos do segundo tempo. Porém, pouca gente sabe que o craque ia sair de campo, mas foi impedido pelo preparador físico Toninho Oliveira.
- O Beto pediu para sair que estava com o problema e o Pet estava cansado. Os dois pediram para sair. Olhei para o Zagallo e o próprio pediu para eu decidir. Só que só tínhamos uma mexida. Chamei o Pet e falei que ele iria ficar e aguentar até o fim, pois ele mesmo iria fazer o gol do título. E deu no que deu. Se o Beto ficasse fatalmente iria bater a falta e talvez não teria feito o gol - revela Toninho.
Técnico do Vasco, Joel Santana confirma a história.
- O Pet ia sair, mas o Toninho não deixou. Tinha de ter tirado o cara de campo - brinca.
O clima ruim entre o elenco é lembrado por Toninho, que chamou os jogadores para uma conversa franca.
- Eu lembro bem de um momento, que foi a nossa corrente no meio de campo. Eu disse para eles: "Lutem até o fim. Vamos fazer um compromisso de homem aqui. Esqueçam todas as brigas que vocês tiveram até agora e entrem lá e ganhem este título por todos os nosso torcedores". Isso mexe comigo até hoje quando lembro - se emociona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário